sábado, 31 de dezembro de 2011

Canto dos Pássaros

Silenciamos o canto dos pássaros pelo simples fato de se fazer ouvir nossa voz árida e cruel. Destruímos a possibilidade bela de dançar o canto de felicidade deles, por causa da inconstância de nossos sentimentos que não sossegam apenas em saber que eles, o pássaro e seu canto, podem garantir nossa felicidade. Inconstância vinda do egoísmo. Egoísmo de não querer receber felicidade. Construída pelo instinto milenar que é tão nosso, tão humano, de sempre estar em busca de ser feliz. Preferimos o risco, o buscar... Se encontrarmos alguém capaz de nos oferecer felicidade eterna mudamos de calçada. O medo de não saber o que fazer, de não saber lidar depois com ela é maior.
As pessoas que a carregam dentro de si. Que a distribuem são as que mais sofrem. Não conseguem entender essa aversão, esse bloqueio de não querer receber felicidade. Estes são pássaros que não entendem a negação de seu canto.
Eu espantei o passarinho que ousava cantar para mim. Fui cruel. Ele acreditou e insistiu em cantar para mim. Me fez crer que era capaz de cantarmos juntos. Ele foi fiel e intenso em nossa relação. Eu ser racional tolo queria entrar no mesmo tom. Não acreditei em uma harmonia entre nós.
Aprendi muita coisa com ele. A harmonia existe mesmo entre os diferentes. Desejo eu, que o pássaro compreenda minhas palavras como eu compreendi o seu canto e recebi sua felicidade. Ainda tenho muito que retribuir. Talvez não cantando, mas dividindo outras formas de parceria, de amor e de estarmos juntos. Que possamos encontrar modos de sermos felizes sem nos machucarmos. Que acolhamos as decisões por maior que seja a dificuldade. Que recebamos de mãos abertas a felicidade que o outro tem a oferecer e consigamos retribuir da melhor maneira, dentro de nossos limites.  Seguirei então na esperança de oferecer e receber momentos felizes. Esperando ansioso pelo reencontro com o pássaro. Que onde quer que ele esteja seu canto seja sempre feliz...
De: Efferson Mendes