terça-feira, 26 de abril de 2011

Estereótipo Rotina

O mendigo pede esmola.
O garoto “Coca-cola”.
A menina tá na moda.
O gordo tá de fora?

O que você tá fazendo?
O que está acontecendo?
O que você tá comendo?
Eu já não sei... JÁ NÃO SEI!

Relações enferrujadas
Consumo que não para
O povo diz: Pátria amada
E ela o desampara...

O sol ainda não raiou...
Já vejo o mártir trabalhador
O vermelho escorre pela rua
E um corpo despido d’alma sua.

Agora se compra beleza
Negocia-se o prazer
Liberdade aprisionada
Pela grade da tv.

À prostituta o perdão
Ao poeta inovação
À Deus a contação
Da história feita
Por nossa mão.

De: Efferson Mendes

sexta-feira, 15 de abril de 2011

De Janeiro...

Experiências Novas
Pensamentos Loucos
Desejos Claros
Homens de Marte
Mulheres de Lua
Camisa de Vênus
Tempo Nublado
Eu Desnorteado...

Paixão

O primeiro contato é o olhar
Bastante para se envolver
Se apaixonar.
A paixão é o prazer
Que nos dá a sensação
De liberdade.
Quando na verdade
Nos aprisiona
A alguém ou algo.
Não tente. Não dá pra escapar.
O segundo contato é a palavra
Te ouvir, te falar...
Tua voz doce me leva a sonhar.
O terceiro é o beijo
Dois desejos, mil sabores,
Lábios em conexão com pensamentos.
É bom. Dá um tom, uma cor e
Sabor aos sentimentos.
Com o beijo tudo realmente
Começa ou termina
E vira história ou não.
Depende de quem, de quantos
Beijou...
Depende de nada. Depende de
Um tudo. Depende de quem
Se apaixonou...
Mas não é o fim
Se não dá certo
A tristeza vem
Um outro dia vai...
Paixão nunca termina
Se multiplica
Troca fatores
Tem diversos resultados
Negativos, positivos,
Iguais, diferentes
E pra falar a verdade
Quando é paixão
Nunca se sabe até onde vai.

De: Efferson Mendes

terça-feira, 12 de abril de 2011

Dia Nublado

     Olhou a chuva que caía e desejou ter aquela força.
     Gosto de dias nublados. Dizem que chuva é como lágrima. Não concordo. Agora chove. A água cai fazendo um processo de lavagem. Lavagem espiritual. Renovação. Vida nova.
     Estava lavando meu rosto hoje. Gosto de lavá-lo quando acordo. Sinto a sensação de ganhar forças para mais um dia. Tenho a impressão de que os dias são os mesmos. Nós é que acordamos diferentes.
     Gotas de chuva são felizes. Atribuímos a elas tristeza e lágrimas pelo motivo de nossa sociedade ser assim. Se elas choram deve ser de felicidade. Já reparou na individualidade de cada gota da chuva? E mesmo com essa individualidade trabalham em conjunto. Deviamos aprender com elas. Cada humano tem seu papel na sociedade,assim como cada gotícula na chuva.
     Purificação. Me purífico todos os dias. Água é divina. Divino são os dias nublados que me trazem reflexões. Me abraçam com o seu frio envolvente. Nublado pode ser a anunciação da chuva. Uma gota é o alerta de que outras milhões estão vindo.
     A sociedade é dia nublado. Imprevísivel. Não dá para saber se vai chover. Se vai ser muito ou pouco. Apenas levamos o guarda-chuva.
     Somos gotas dentro de um conjunto de nuvens denominados estados, países,continentes que juntos formam o dia nublado, mundo. Acredito que estamos esperando o momento certo para chover trabalho em comunhão e renovar forças pra sobreviver no dia-a-dia.
     Dia nublado. Nuvens. A primeira gota caiu trazendo consigo uma tempestade...

De: Efferson Mendes

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Anjo

Era um anjo. Possuía beleza, asas de inocência e auréola da perfeição. Só não foi feliz.
Perfeita. Essa era sua definição. O que seria perfeição? Não sei, mas ela traduzia muito bem. Havia beleza, inteligência, bom trabalho e inocência. Inocência vale ouro nos últimos tempos.
Nunca foi amada. Se quer foi tocada com intenções de amor. Agora ela, já amara muitas vezes. Entregava-se de corpo, alma e asas na paixão. Era possível ver suas asas em suas relações, na hora dos seus beijos, em seus desejos e quando satisfazia seus prazeres. Sim. Havia uma auréola sobre sua cabeça, mas ela sentiu prazer.
Não tinha defeitos. Amores também não. Provocava inveja em algumas pessoas e nas outras, medo. Medo de machucá-la. Medo de não alcançar sua perfeição. Medo de ficar por baixo na escala hierárquica da vida.
Tão grande quanto sua perfeição era a infelicidade em que vivia. Ninguém percebia, pois era perfeita. Não conseguiu ser compreendida. Nunca será.
Seu corpo: simetricamente desenhado.
Seu trabalho: absolutamente impecável.
Última noite. Chorou litros, mas não conseguiu se afogar. Tomou comprimidos inteiros, mas não deu para envenenar. Traçou cortes mortais, mas não serviu para morte alcançar. Pena ela não sofrer de deficiências. Deficiências são instantaneamente humanas. Era perfeitamente em sua perfeição um anjo. Chegou ao topo do prédio onde morava. Ali ela conseguiu ser compreendida. Compartilhava a perfeição com a vista lá de cima. Sentiu o vento tocar suas asas. Aquela imagem lhe completava. Então, saltou... Por um segundo foi inteiramente feliz e amada de verdade. Transcendeu. Suas asas abriram vôo pela primeira vez e ela alcançou o céu.
Antes de ir deixou sua marca de perfeição no mundo. Agora o seu vermelho perfeito tingia o cruzamento mórbido por onde carros passavam.
De: Efferson Mendes

domingo, 10 de abril de 2011

Metamorfose

Rompeu o casulo, admirou suas asas e voou. Pois já não era a mesma.

Mudança, transformação, mutação, metamorfose, ebulição, solidificação, rotatividade... Você acredita em mudança? Ao retornar ao rio, o homem e o rio não são os mesmos. Adaptei de um filósofo. Eu acredito. Eu não sou o mesmo de ontem.

Ontem. Ontem vi uma borboleta. Ela estava voando livre e feliz. Suas asas eram lindas e pareciam seguir o ritmo de alguma música. Não consigo imaginar qual seria.

Estava me olhando no espelho. Ontem. Meu rosto já não é o mesmo. Ele possui agora uma infinidade de traços. Esses traços me lembraram os desenhos TRAÇADOS nas asas daquela borboleta. Com uma diferença, o meu rosto não possui mais um colorido. Pontuo aqui uma mudança. Mudança física. Um dia disseram que eu era uma lagarta e que em algum momento da vida sofreria metamorfose. Acordaria borboleta. Aconteceu. Eu acho. Só não encontrei minhas asas.

Eu sou metamorfose ambulante de Raul Seixas. Essa é a música que meu bater de asas seguiria o ritmo se eu fosse uma borboleta. Elas mudam a cada bater de asa e pairam no ar... Sabia?

A borboleta paira no ar. Nós humanos paramos na vida. Cazuza já dizia: O tempo não para. O mundo também não. Esse está girando, girando e girando... Igual a roda gigante. Só que ele não dá intervalos para descer ou subir. Rotação. Embora muita gente não lembre aprendemos isso no segundo ou terceiro ano do fundamental. Obrigatoriamente isso te causará mudanças. Mudança corporal, física e estrutural. As marcas do meu rosto são prova disso. O interno, o que se passa na sua cabeça, não muda tão fácil. Depende de você, dos outros... Depende de um tudo. No fundo, no fundo eu sempre fui o mesmo.

“Serei sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma sempre.” Quero entender, absorver, viver essa frase de Clarice Lispector.

Essência. Essa deve ser a palavra. Borboletas são borboletas, mas um dia foram lagartas que passaram por processos (mudanças) e embora tenham asas hoje, continuam com a mesma essência de antes. Você acredita em mudanças?

Sim, eu acredito. E se não encontrei minhas asa é que ainda sou lagarta. Estou em processo de transformação. Prestes a romper o casulo.

O tempo não para. O mundo está sempre girando. A vida é dinâmica e nós estamos nos metamorfoseando.

De: Efferson Mendes

sábado, 9 de abril de 2011

Ciclo da vida

  E fui sufocando aos poucos com todo esse ar cinza, livre arbítrio e tédio que a vida me ofereceu...
     Folhas. Não, não, não... Uma folha. Não queria muita coisa. Queria a beleza verde, a dança livre e o vento me acompanhando assim como as folhas.
     Hu-ma-ni-da-de. Hu-ma-no. Humano é divino. Humano tem pecado. Humano não é máquina. Kkkkkkk... Mas tem seus movimentos programados. Quando eu era criança ouvia meu pai dizer: "Eu adoro ser livre. Filha nós somos livres. Acabou a ditadura." Ele realmente era livre. Agora eu e mamãe vivíamos em cativeiro. Somos mulheres, descendentes de Eva, mas não comemos da maçã. A nossa liberdade se resumia: eu em ir para escola, mamãe ao mercantil e nós duas em almoço aos domingos na casa dos pais dele.
     Humano não é máquina. É aqui que eu estava? Sim, era aqui. A gente nasce, cresce, reproduz e? PAPOCA! Explode! BOOOM! Não, não é só isso. Existe atividades complementares. Estudamos para entrar na faculdade, ter uma boa profissão, ganhar sacos de dinheiro e sustentar o sistema. Depois casar, ter filhos e começa tudo de novo. Eles nascem, crescem, estudam, trabalham, sustentam o sistema, casam, reproduzem e CABOOOM!
     Eu só queria ser como uma folha. Eu fui uma folha. Eu sou uma folha. Fiquei presa na árvore até os vinte e um. A árvore disse que eu nunca seria feliz. Que eu dependia dela para manter meu verde.
     A vida é um tédio. Sabia? Isso me sufoca. Nariz entupido, asma, apnéia, falta de ar... Ahahahaaaarrr!!!
     Ser como uma folha verde que desafiou a árvore inteira. Que saiu do galho antes do tempo. Caiu na dança. Como parceiro teve o vento e se entregou. Dançou segundos eternos sua dança clássica, contemporânea, livre, leve, feliz... Como quem recebe algumas gotas de vida perto da morte para dizer adeus, ela tocou o chão. Ainda não é o fim. A folha agora terá seu momento de humana. Passará, agora, a depender dos movimentos de outros. Talvez de algum vento forte, de algum humano patético... O fato é que agonizando ela dará alguns saltos até se decompor, ser jogada no lixo, ser despedaçada... Eu sou uma folha. Nós somos folhas. Eu não quero ser folha. Eu sou humana, mulher. Não, eu sou uma árvore. Eu darei frutos. Árvores nascem, crescem, reproduzem e morrem. Eu não quero ser uma árvore!
     E fui sufocando aos poucos com todo esse ar cinza, livre arbítrio e tédio que a vida me ofereceu...


De: Efferson Mendes

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Luto

Todos os dias a mesma rotina
O sacrifício da vida
Pelo pão de cada dia
No trabalho, no estudo
Na vida a cada momento: Luto!


Luto pelos direitos negados
Luto para ir ao trabalho (no ônibus empendurado)
Luto, reluto, me indigno, fico puto!
Os acontecimentos atuais são motivo de luto.


A menina explorada, o tráfico de drogas
A promessa política, a luta armada
Tudo isso me indigna, me deixa de luto
E eu não posso ficar sem fazer nada.


Luto tem bala perdida
Luto tem guerra por comida
Luto acredito na vida
Luto com vontade de melhorar


A cada porta uma chacina
A cada quarto a realidade despida
Em cada casa a dor pela vida
É. Luto por mim, por ti e pelo meu amor.


Luto para objetivos alcançar
Luto para o mundo mudar
Luto para não me acomodar
Luto para transformar.


Luto...
Um dia entenderás
Tudo é possível e
O luto é uma maneira de protestar.


De: Efferson Mendes

Malquina

As sementes plantadas tornaram-se ramos e começaram a se entrelaçar no corpo da velha máquina coberta de ferrugem.
Me sinto mal. Me sinto malquina. Sinto que fui engolido por algo que tanto detesto, a pressa. Pressa é o que nos deixa menos humanos. É o que nos afasta das pessoas que amamos. Troquei pessoas e sentimentos por preocupações e fazeres.
Trabalho em casa. Trabalho da faculdade. Trabalho do trabalho. Trabalho extra. Trabalho extracurricular. Trabalho, trabalho, trabalho... Tra-ba-lho. T-R-A-B-A-L-H-O. Trabalho vem do latim trepalium que significava instrumento de tortura e apenas depois ganhou o significado de instrumento de crescimento. Só o trabalho dignifica o homem. Rsrsrs...
Me sinto pedra. Não sinto, estou petrificado. Tenho medo. Medo. Isso me torna mais humano? Não quero perder quem amo. Não pretendo ficar só. Começo a perceber o quanto estou duro, frio, apático e o tanto que está me fazendo mal. Estou pedra.
Estou plantando sementes que não quero colher. Vai ser difícil se eu continuar assim.
Terminou? Ainda não? Vamos lá. Como estão os relatórios? Já fez isso? E aquilo? Ligou para Fulano? Cicrano disse que não foi informado. Senhor Fulaninho está esperando. Envie o email até as quatro. Passou do prazo de entrega.
Coisas simples que eram importantes, eu não vejo mais acontecer. Comer e beber são agora atos mecânicos. Conversar com amigos? Em algum momento livre do feriado. Rir de bobagens? Não sei mais. Aniversários? Não consigo lembrar. Pensar nos outros? Isso é possível?
Consigo sentir a ferrugem me corroendo. Sinto-a nas minhas veias. Parece ter ganhado minhas articulações. Meus pensamentos e sentimentos estão sendo corrompidos. A ferrugem laranja toma parte de todo meu corpo.
Sou apenas malquina. Malquinas ficam ultrapassadas e começam dar defeitos. O ultra passado me condena. A culpa é do meu individualismo... Sou malquina que perdeu seu valor.
Calendários, relógios, ponteiros, ampulhetas, anos, semestres, trimestres, bimestres, meses, quinzenas, semanas, dias, horas, minutos, segundos, frações de segundos, milésimos, centésimos, décimos... TEMPO. Eu não tenho teeeeeeeeeeeeeeeeeeempo!

De: Efferson Mendes

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Humanos Bolhas de Sabão

Como uma bolha de sabão ganhou seu espaço e sumiu no tempo.

Um dia concordarão comigo. Seres humanos, nós, não somos bolhas de sabão.

Elas dançam em conjunto, lentamente no tempo e quando são percebidas no auge do seu espetáculo, somem.

Foi no centro da cidade. No meio de toda aquela multidão. Estava andando. Andando depressa. Não, eu não andava. Na verdade eu corria. Não percebia nada ao meu redor. Apenas a vontade de ultrapassar todos e de chegar à parada de ônibus me consumia. E inesperadamente um ser de transparência colorida arco-íris brilhante desimportante tomou uma atitude ousada e me beijou. Ai... Eu me senti humanamente amado por aquela bolha. Naquele momento todo mundo girava em câmera lenta. Meu coração voltou a bater. Agora existia sangue transpassando minhas veias. Naquele momento meu corpo tornou a pulsar.

Pla... E eu ganhei a vida. Profundamente amado. Carinhosamente tomado pelos toques sutis do ser de uma transparência arco-íris brilhante desimportante.

Toque. Tudo é questão de toque. Só me conhece quem me toca. Toque. Me toque. È permitido tocar. Sinta-me. Com cuidado. Lembre-se sou humano. Humano bolha de sabão. Me compreende agora? Tato. Sensibilidade. Humanidade. Abraço, beijo, cheiro, carinhos... Compreende?

Quero bolhas de sabão humanas. Quero toques sutis de surpresa, complexidade na dança, no viver e beleza simples. Não. Eu quero humanos bolhas de sabão que dominem a dança da vida, que tenham beleza simples e se entreguem inteiramente no toque, e despidos de sua transparência sumam no tempo, deixando a lembrança de quem intensamente amou e viveu.

Não é questão de tempo. É de sentimento. Não é questão de tamanho. É de intensidade. Bolhas de sabão. Bolhas. Dançam no vento. Somem no tempo. Simples assim. Pla...

Seres humanos, nós, não somos bolhas de sabão. Concordam comigo?

De: Efferson Mendes