segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Cor De Vinho

O tempo nem sempre traz as respostas para tudo. Mas, por vezes, a não resposta é a melhor de todas para se receber. O silêncio acarreta em questionamentos e os questionamentos são os motores da história. Da nossa história. História de cada um.
Pegou algumas roupas, seus livros de cabeceira, a grana que havia juntado nesse tempo que trabalhou. Jogou tudo em sua mochila. Dezenove anos de idade trabalhava desde os doze. De uma coisa nunca duvidou, ele sabia como sobreviver. Pensando em sobrevivência, num outro canto, numa mesa de restaurante sob terno e gravata, um jovem homem, encarando uma taça de vinho, sem desviar o olhar, como quem está na beira de um penhasco, decidindo se pula ou não. O conforto da vida que levou até aqui, desfeito pelo incomodo da roupa engravatada. Uma sensação danada de que não é o que se está sendo. Como se fosse muitos, muitas ou melhor como se fosse dois. Binômio, biênio, bicicleta, bíceps, bilateral, bicampeão, bipartido, bissexo, bipolaridade, bis. Duas vezes. Não era questão de ser duas caras, mas de sentir-se dois. Dois. Ser dois numa vida só. Assumiu ser bi. Bissexual. Porém, não bastou. Nele habitavam dois. Ele podia ser bi. E era um bi ser. Isso. Dois seres em um único ser. O complicado era ser dois com um corpo e uma vida só. Gostava de sua barba. Optou por tirar apenas a metade. É que o rosto liso era perfeito para um lado.  Olhou para cama observou aquele vestido. Tomou uma decisão.
Saiu de casa com sua mochila. Ao fechar a porta olhou a última vez pra sala. As fotos na estante levaram-no em uma viagem de sabor nostálgico a sua infância. Deu um sorriso de canto de boca. Refletiu o quanto foi feliz. Feliz quanto esse vinho gelado naquela taça. Talvez não tão gelado, nem menos importante que as coisas que passavam em sua cabeça agora. Por um segundo distraiu-se, perdeu o foco da taça de vinho, viu aquela gente chique, fresquinha, cheia de mesquinharia e que fingia ser feliz e não entendeu porque até então havia vivido nesse mundo de fingimentos. Entretanto sempre esteve claro para ele. Era frágil. Por ser frágil precisou se esconder atrás dessas roupas. Pegou aquele vestido longo, de detalhes indianos, que sempre desejou experimentar. Havia um tempo que comprara. A coragem e o preconceito que sua outra metade tinha para com ele é que não deixara nem testar. Continuou a observar em suas mãos. Não sabia explicar o que sentia.
Essa é uma história de três ou de um, uns. Porém é uma história só. Nela está contida um tanto incontável de pessoas. Sim, é um tanto confusa. História confusa de pessoas confusas que levam uma vida confusa no meio dessa confusão que é o mundo. Confusão que se arma todos os dias e que nem sempre chega a alguma conclusão. É que eu, enquanto autor, um tanto quanto exageradamente confuso, ainda não refleti sobre os próximos parágrafos e nem mesmo sobre o fim. Achei esteticamente bonito e de uma precaução ética ressaltar que essa confusão pode ficar mais confusa, não chegando a solução de problemas, mas a criação de novos. Questionamentos nem sempre podem ser resolvidos. Refleti-los nunca é de menos. Nunca. Nunca deixe de se questionar a cerca dos questionamentos. Quem sabe um dia as respostas cheguem ou percebamos tudo diferente.
Ganhou a rua, aqueles pés revestidos de um all star azul marinho envelhecido que o dava um tom acinzentado ressaltava sua irreverência salutar juvenil. Deixou os cigarros para traz. Não precisava mais carregar esse vício. Já havia peso demais nas suas costas. E a estrada que ia dar aonde ele quer chegar, mesmo sem saber que lugar é, poderia ser longa. Seguiu peregrino de si. Virou a taça de vinho. Vale ressaltar que essa taça é a metáfora da vida. E se nela continha vinho, só poderia ser vinho seco e um tanto amargo difícil de tragar, sorver... Foi essa a sensação que sentiu. No meio de tantas reflexões e amarguras sentiu-se Sócrates tomando cicuta. Lembrar-se de tal comparação fez surgir um riso entre tantas lágrimas. Afinal Sócrates entrou para história, mesmo alguns desconfiando de sua real existência. E foi obrigado a tomar o veneno. Já ele não, escolheu aquele vinho ruim pelo fato de ser o mais caro do menu, e ainda vai pagar. A pior parte para ele é saber que após o vinho continuará vivo e terá uma grande dor de cabeça. Mas assim como duvidam da existência daquele grande filosofo, olhando seu reflexo idiota embriagado na taça de cristal questionou-se se de fato teria ele vivido até ali. Vestiu-se de coragem. Coragem um tanto simbólica e bem estampada com arte indiana dando forma a silhueta um tanto quadrada que lhe passou despercebido. Pois não se tratava de vestir-se bem. Era questão de sentir-se inteiro por alguns instantes em sua outra parte. Dançou livremente a dança da vida esqueceu seus aspectos físicos como a meia barba que ainda restava, sua genitália e tudo que usavam para lhe prender a ser um, a ser um homem. A sua outra metade foi inteiramente completa e feliz. Entrou em comunhão com o universo, dançou entre os planetas, se enfeitou de Saturno e reverenciou Vênus, que lhe acolheu perfeitamente bem. Era uma das suas filhas.
Era um peregrino desses moderninhos, levava suas tecnologias na mochila, alguns cartões de crédito e não pretendia contato com a natureza e nem escalar montanhas verdes para ver o horizonte. Entendia-se parte daquele mundo caótico e queria encará-lo, indagá-lo, compreender sua lógica desigual, sufocante, queria entender a falta de contato entre as pessoas, aonde foi parar a tal da sensibilidade... Descobriu que seu rumo era o cume mais alto daquela cidade. Depois de encontrar pegou o elevador e seguiu até o topo daquela montanha acinzentada insensível quadrada de concreto sem vida. Não pôde deixar de observar que o interior daquele prédio e do como as pessoas do lado de dentro dele tinham o mesmo aspecto acinzentado insensível quadrado de concreto sem vida como o exterior dessa montanha. Foi como adentrar no mais intimo daqueles seres em segundos. Sentiu-se sufocado. O que era comum para ele nesses tempos questionamentos, mas com uma diferença estava sufocando por ele e pelo outros. O coração batia mais forte a cada andar. Chegando ao topo as dificuldades na respiração afetaram o seu caminhar. Ainda assim, mesmo cambaleando insistiu em chegar até a beira daquele espaço. Observou o horizonte cheio de montanhas acinzentadas insensíveis quadradas de concreto sem vida e compreendeu o sentido da vida. Quis compartilhar...
Era um covarde. Sabia disso há tempos. Na alfabetização uma garotinha de cachinhos dourados e olhos azuis cintilantes, que parecia um anjo tomou o João Bobo das suas mãos e disse: “Sabe qual a diferença entre você e esse boneco? Nenhuma. Os dois são uns bobões sem graça.” Reagiu. Nem sabia o que ela quisera com aquilo. Voou para cima do anjinho da sala com uma tesoura verde, sua cor favorita, sem pontas e com um pedaço de esparadrapo branco onde continha seu nome, sua turma escritos de forma minúscula quase ilegível com uma caneta esferográfica dessas de ponta fina na cor azul e cortou todos aqueles cachinhos. Os dois tiveram que fazer terapia. A garotinha pelo fato dos coleguinhas passarem a chama-la de Barbie Careca. Ele. A coordenadora julgou sua atitude preocupante. Disse que ele teve uma conduta violenta que precisava de tratamento. Quando na verdade achou seu comportamento psicopático, típico de seriais killers e se benzeu para espantar os maus pensamentos. Mas isso não tem nada haver com aquilo. Eram só lembranças. Talvez explicasse o fato dele nunca mais ter reagido à vida. Por fim, virou a última taça de vinho. Pagou a conta. Saiu daquele restaurante. Optou por caminhar um pouco mais antes de ir para casa.
Descobriu-se mulher. MULHER. Isso mulher. Agora compreendera. Embora o corpo fosse biologicamente de um homem, identificava-se, reconhecia-se mulher. Não tratava-se de uma aberração, não se percebia assim. Agora sentiu uma felicidade sem tamanho. Entendera-se finalmente. Retirou a outra parte da barba. Passou lápis no olho. Delineou. Pó. Batom Vult num tom avermelhado. Não tinha habilidades com maquiagem. Detestou. Lavou o rosto. Veio uma interrogação, o que de fato significava sentir-se mulher e sê-la?
Veio uma tontura forte. Sufocou de vez. Caiu do alto da montanha acinzentada insensível quadrada de concreto sem vida. Num vôo monumental. Fotos, memórias, pessoas, questionamentos, sacanagens, bebidas, drogas e o sentido da vida que acabara de encontrar passou em forma de flash por sua cabeça que foi a primeira a tocar no chão. Tomou um susto. Sangue para todo lado. Ficou atônito. Atordoado. Pasmo. A vida pode ser cruel com as pessoas. E as pessoas cruéis umas com as outras e as vezes consigo mesmas. Mas quem era ele para julgar. Nunca se jogou por ser covarde. Pegou um táxi rumo a sua casa. De fato não estava num dia bom. Precisava descansar. Ao acordar a vida seria mesma. Viu gotas vermelhas na sua roupa. Muitas dúvidas. Seria o vinho ou o sangue daquele jovem rapaz? Não importava. Ambos custaram caros a ele essa noite e eram vermelhamente amargos de forma intragável. Chegou em casa. Abriu a porta. Ficou atônito. Atordoado. Pasmo. A vida pode ser cruel com as pessoas. Viu seu filho num vestido longo de traços indianos lindos. Entretanto não pudera aceitar aquele que para ele era um corpo estranho dentro de um vestido de traços indianos lindos. Ignorou o filho. Que não percebeu sua chegada. Procurou sua tesoura. Sua tesoura não era mais verde. A esta altura da vida tudo perdera cor. O preto fúnebre é o único que lhe caia bem. Tornara-se um homem espiritualmente sem vida. E sua tesoura tinha pontas, afiadíssimas pontas. Ainda estava vislumbrado com a beleza do vestido. Pensando como seria sua vida nos dias após aquele. Estava decidido a enfrentar os preconceitos, a intolerância e o que mais viesse. Porém não esperava o que estava por vim. Foram incessantes golpes de tesoura preta de afiadíssimas pontas. Agora seu traje elegante não estava mais com alguns pingos vermelhos. Estava banhado. E não restavam dúvidas. Era sangue. Amargamente intragável de injustiça. Ficou atônito. Atordoado. Pasmo. A vida pode ser cruel com as pessoas. E as pessoas cruéis consigo mesmas e ás vezes umas com as outras.
E ainda Restam dúvidas...

Efferson Mendes, 5 de dezembro de 2013, Fortaleza, Ceará

domingo, 1 de dezembro de 2013

Simbiose

No abismo que nos impede de ser um só
Embora as complementações
E os encaixes simétricos e perfeitos
Que me arrepiam os pelos

Malditas são as leis da física que não contribuem
Para nossa plena comunhão potente
Porém nenhuma lógica pode romper
O perfeito equilíbrio existente

Na latência dos nossos corpos nus
Em busca da quimérica perfeição
Orgânica, orgástica que por vezes nos fazem um só
Entre pernas entrelaçadas, bocas entre coladas, línguas em nó

Sua respiração ofegante em minha nuca
Enquanto nosso suor nos liquefaz
Um do outro aos gemidos nessa mistura
 A realização de nosso desejo voraz

E me desfaço dos sentimentos políticos éticos
Encho-me de tuas filosofias putas vãs
Amplifico meu lado vulgar bacante poético
Na teu lado mais doce

Fruto de Eros vindo de Vênus 

De: Efferson Mendes

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Para O Mês Que Eu Quero Ficar...(Cheio De Ambiguidades)

Outubro

Em mim a ânsia de ser
De ser outubro
De ser outro ser
Outubro é em mim 
Há muito tempo
Em todo tempo
Uma vontade se reviver
A infância, os sonhos
É também um tanto
De envelhecer 
Que sempre quis
E hoje me dá medo
Outubro é a certeza
Que a incerteza brota
No meu coração
É reprojetar a vida
E escolher se fica
Seguindo
Na velocidade comum
Ou turbo...
De: Eff Mendes

Não Sou De Dar Dicas

Existe uma falta de contato
Que me atormenta
Sonho em te ter no tato
E a vontade só aumenta
Vem aqui pra mim!
De: Eff Mendes

sábado, 28 de setembro de 2013

Outro Poema

Me olha como quem
Pede beijos
Diz que não
Com uma cara de sim

Usa de toda candura
E é doutorada em jogos
De sedução
Me perco de mim

Você me controla
Com uma cara
Como quem diz:
"Há tempo pra gente."

E de repente
Me devora a boca
Com seus dentes
Me arranca os cabelos

E eu fico contente...
Feito selvagem!

Não nos levamos
Nem um pouco a sério
Coisa pequena...
Bobagem

E me faz cafuné na barba
E é nessa fé
Que meu corpo desaba
Peça o que quiser

Só não me larga.

De: Efferson Mendes

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Desajustados No Amor

Dedicado Aos Que No Amor Não Se Enquadram
E As Flores De Lis Que Ainda Hei De Colher...
A gente junto não presta
Não vale um tostão
Sempre desconversamos
Quando nos perdemos
Entre amizade e paixão!

Dizem que é amizade
Um tanto quanto colorida
Mas por nossa parte
Se não tá dolorida
Não precisa explicação

Paramos ruas, vielas, avenidas
Chamamos atenção
Dos mais moralistas
Aos contemporâneos
Expressando afetos e paixão

Todos pensam e até gritam:
"Que pouca vergonha"
Não entendo por que se agitam
Entre nós é tudo tão bom
Que nem damos atenção

É de contrapartida
Que nos amparamos
Para suportar os vaivéns da vida
E um no outro somos fortes
Comparados a Furacão

Tem mil beijos de despedida
Sempre que nos separamos
Porém o que existe entre nós
Na poesia não se limita
Não cabe, nem acaba num bejo, não!

Assim estamos sempre,
Eu e Você
A nos descompreender compreendendo,
Um ao Outro
Sempre a não se querer querendo,
Paixão e Desejo
Lutamos para não se prender numa relação,
Mesmo que Sofrendo

Alimentando-nos sempre, bem assim, Desajustados No Amor!

De: Efferson Mendes

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Perigosas Para O "Progresso"

ÁR - VO - RES
Colocamo-as
Atrás das grades
E largamo-as
Na mão da sorte
Nenhum mal fizeram
Mas qualquer motivo
É Sentença de Morte!
De: Efferson Mendes

SALVEM O COCÓ!!!

domingo, 15 de setembro de 2013

Um

Uns Braços nunca fizeram tanta falta
Uns Olhares nunca foram tão necessários
Uns Carinhos nunca foram tão almejados
Uns inúteis nunca foram tão valorizados
Tudo por temer ficar só...

De: Eff Mendes

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

No Ônibus

Te dou mais que a passagem
E de troco
Me dá moedas, olhares, toques
De fogo, paixão e amor.

De: Efferson Mendes

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Desconhecido Íntimo

Já não caibo no (in)comodo
Nos abraços não dados
Nos beijos esperados
Nos espaços habitados

Não caibo entre tuas pernas...
Nos desejos insaciados
Nos doces pecados
Nos gozos isolados

A vida pede
O corpo suplica
A pele cede
E nada segue sem você

Esquece as malas
Vem depressa
Que dentro de mim 
Nada sossega

E já não me cabe
A solidão, a sensação
A ilusão de ser só
Ou o real sem você

E eu já não caibo
Dentro de mim
Ou na vida
Sem te conhecer...

De: Eff Mendes

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Culpa Do Torpedo

Entre um gole e outro do álcool
Que corre agora em minhas veias
Quisera eu ter coragem
De atear fogo na nossa história

Mas lancei um torpedo
Na verdade um bombardeio
E você sempre criança
Foge com medo

Desculpa, se te desnorteio!

Não era minha intenção
Ser linha de bloqueio
Travar guerra em tua mente
Confundir pensamento alheio

Porém um pobre poeta
Não tem outro meio
A não ser cuspir palavras
E sofrer pelo o que não veio...

De: Efferson Mendes


sábado, 17 de agosto de 2013

Sem Intenção

Sedento por amor
Paixões quentes
Sem antecedentes
Casadas com prazer

Embora seja eu
Embora nunca obstante
Sempre e sempre
Eu, Inconstante

Quero seguir na contramão
Da eterna relação
Que eterno seja o amor
E que só perdure a paixão

Perdido em teus olhos
Castanho se faça a canção
Feito um sorriso teu
me seduza sem intenção...

De: Efferson Mendes

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Violento, confuso e um tanto exagerado

Já quis te bater
Quis te exterminar
Quis não te querer
Quando queria te provar

Já quis te partir ao meio
Quis te devorar
Quis te com todos os defeitos
Quando queria te odiar

Já quis te estrangular
Quis te apagar
Quis não te dá importância
Quando queria de amor te sufocar

Já quis em você me jogar
Quis te espancar
Quis te amar e amar
Quando queria te deletar

Já quis não pensar
Quis te esquecer
Quis te humilhar
Quando queria ver onde ia dar

Já quis de mim saber
Porque quando é você
Eu nunca sei
O que de fato quero...

De: Efferson Mendes

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Liberdade?

Excesso de vaidade
Expressar sua sexualidade
Fazer o que penso, o que quero
O que é a liberdade?

"Liberdade ainda que tardia"
Até quando iremos esperar a Liberdade?
Nunca fomos livres!
Na verdade, nossa Liberdade sempre esteve limitada.

Quem busca Liberdade é louco
Quem acredita que tem é burro
Quem acha que um dia teve
Aprisionou-se no passado

Engraçado pensar que um dia
Alguém disse:
"Nós temos Liberdade de Expressão!"
Como se vivemos sob pressão?

A Ditadura nunca acabou
Apenas se Atualizou!

De: Efferson Mendes
(Poesia extraída do esquete "Loucura mesmo é ser normal".)

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Refém

Ás vezes eu procuro inspiração... 
Sento e percebo que sentar pode ser um motivo
Mas não escrevo 
Porque não sei o motivo porque sentei...

Na falta de diálogo com a inspiração eu me deito,

Mesmo sem saber o porque de estar deitado.
É como deleitar-se sobre rosas
E não sentir perfume nenhum.

É como jogar tintas num quadro

Para expressar o que sente
E o quadro continuasse em branco
Me sinto nulo!


Nulo
Por mais baldes de tintas que tenho....
Pinto quadros e continuam em brancos
Sim, é isso.


É como ver apenas o ar
Nos balões que são grandes e cheios de vida
Apenas o ar
E a sensação de estar preenchendo o Nada.

E Maldição de ser poeta
Me persegue
Até quando não me dou conta
Inspirado estou e escrevo.

Sou refém dos meus textos...

De: Edicleison Freitas e Efferson Mendes

segunda-feira, 29 de julho de 2013

É Poesia?

Tentou se controlar
Pensou em escrever em outro dia
Eis que a vontade era maior
E o sentimento lhe devorava

Não encontrava palavras
Escrevia em terceira pessoa
Pra que merda de terceira pessoa
Se estou falando de mim?

Merda? Numa poesia?
Você deve tá pensando:
Seu imundo!
Que porcaria!

E o sentimento?
Meu sentimento
É arreganhadamente tão obsceno
Que não consigo expressar

Porém é menos obsceno
Do que as vulgaridades
Que agora correm
TRANSitANDO em seu pensar...

De: Efferson Mendes

Disperso

Dedicado aos que me compreendem em meio minhas poesias e dispersão!

De lá vi o Mar
Com toda sua infinitude
Me senti pequeno
Porém os prédios eram ainda menores.

Agasalhei quem pude
Com todo meu amor
Com todo amor que pude
Espantei o que restou da dor

Quis parecer normal
Quis transparecer forte
Mas absurdamente me entrego
Mesmo quando não quero

As minhas caras
Minhas tamanhas bocas
Minhas linhas de fuga
Tudo tão transparente

Busquei me comportar
Parecer legal
Mas meus cabelos expressam
O meu lado irracional

Ofereço perigo
Aos que pensam pequeno
Riscos 
Aos que se dizem serenos

Porém se queres
Chega perto, não mordo
Se não quiseres...

Venha... A Noite já pariu
O Sol.
Que trouxe consigo
O Dia...

De: Eff Mendes

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Sangue Quente

No meio da noite
Espero que a Paixão
Venha inesperada, avassaladora
E me sequestre

Quero seriamente
Que ela me roube
Me espanque, me dispa
E não me poupe

Que venha ardente
Sangue quente, flamejante
Meu coração arrebente
Minha razão desande

Quero gritar
Espantar o exílio
Quebrar o silêncio
Matar o vício

Surpreender no jogo
Entrecortar os caminhos
Redescobrir teu corpo
E não estar sozinho...

De: Efferson Mendes

sábado, 29 de junho de 2013

Ainda pode ser...

Cê vai me por a loucura
No bom sentido é claro
Vem sempre com candura
E me deixa sem amparo

Cê apela pro meu...
Pobre coração atrapalhado.
Põe canção de Chico
E eu fico desequilibrado...

Preciso dizer:
O Mundo é maior que nosso umbigo.
Mas não me deixe desaprender:
Que o Mundo é um perigo!

Agora relaxa
Pois já não corres o risco d'eu te esquecer!
Se era pra ser diferente
Não ficou pra gente poder responder...

De: Efferson Mendes

sexta-feira, 28 de junho de 2013

O π de R

Sempre se entrega com Alma
Salta no Ar
Ama e desama nessa valsa
Voraz como o Mar

Sempre cheio de idas e vindas
Cheio de medos e ressacas
Transborda força e vida
Mesmo sem saber de onde tira

Com seus vinte e poucos anos
Que nada importa agora
Quis amor, quis se entregar
Seu coração em outro atracar

Quebrou o armário
Que lhe sufocava
Rompeu as amarras
Que lhe acorrentava

E foi ser feliz...
E foi Vo-Ar...
Era Flor de Lis...
E foi ser Mar...

De: Efferson Mendes

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Entre Os Tantos

São tantas as coisas, tantos os compromissos
São tantos os riscos ( o de ser, o de viver)
São tantos os tantos que fico tonto
E de tanto tentar me tonteio no meio de tanta tonteira.

Não é difícil entre tudo
Esquecer de um gesto
Esquecer de um riso
Esquecer de um afeto

Não é difícil entre tudo
Carente ser d'um gesto
Carente ser d'um riso
Carente ser d'um afeto

São tantos os tantos tontos
São tantos tontos tantos
São tantos entretantos tontos
São tantos tontos entre tantos

São!

Entre tantos tontos
Quiserá num gesto, riso, afeto
Num piquinique, pôr do Sol
Me encontrar tonto no meio dos Tantos
Que amo!!!

De: Efferson Mendes

sábado, 8 de junho de 2013

Di + Vagar + Ando= Divagando

Então você veio?

Parou!
Ninguém bajulou.
Me esperou.
Não me encontrou.
Voltou!

Enquanto O Sono Não Chega...

Nem um vulto
Nem um vult
Nem desnudo
Nem dez nud
Nem bate mano
Nem roubem o de...
Talvez o Batman
Ou Robin Wood...

Nada

Se afoga no doce
Porque falta afeto
Pensou que o erro fosse
Ter sido sempre quieto

Fica nostálgico
Fica boquiaberto
AutoAntropoTrágico
Tropicalista In Certo

ENG LE  L TR S
COSP   PA AV AS
E  N~O  QU R  D Z R
N D  ...

De: Efferson Mendes

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Das Condições Pra Me Ter (Nada Romântico Ou Poético)

Faz do meu corpo Trama
Secreta Cama
Faz jus a tua falsa Fama
Mas me pega sem Drama

Não, não diga que me ama
Sem essa de ser cortez
Sou dos que desama
Quero prazer e insensatez

Esqueça o pudor
Não tenha dó
Diz que não há amor
Mas que me quer a só

Se afoga em meu corpo
Sossega em minha alma
Te dou meu repouso
Em mim, vem e desaba

Quando acabar, saia
Não diga uma palavra
Sei dá tua praia
Esperarei. Ponto. E. Mais. Nada.

De: Efferson Mendes

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Era Uma Vez João Vicente

Nasceu próximo ao lixão
Nunca foi tratado como gente
Mas tinha um nome
Era João Vicente

João tinha um sonho
E alimentava-o de ilusão
Sonhava em ser gente
Em um dia se tornar cidadão

Em pouco tempo de vida
Ganhou muitos adjetivos!

O pivete, mirim, pirangueiro
Não sabia o que era "direito"
O pé rapado, bandido
Nunca teve um garantido

João era um bicho social
Ameaçado de extinção
Chamado "De Menor"
Negro, jovem, pobre, de periferia
Não podia ser pior

Pregaram-o para Cristo
Um Cristo Negro, talvez Ogum
Levaram para o sacrificio, tiros!
Ninguém via mal algum

O que ele fez?
Dizem que uma atrocidade
E ninguém nada fez?
Arrancaram sua humanidade (dignidade, vivacidade...)

E ele só queria ser "alguém" na sociedade...

De: Efferson Mendes

terça-feira, 7 de maio de 2013

Amando!

Viu o reflexo de Narcísio na Água
Trocaram algumas palavras
Havia muito em comum
Tornaram-se amigos
Ele jogou-se na fonte de Narcísio
Descobriu o seu Valor
E inundou-se de Amor Próprio!

De: Efferson Mendes

sexta-feira, 26 de abril de 2013

De Supetão

Há. E não se discute.
Um embaraçado
Uma cama de gato
Sentimentos enrolados
Paixões para todos os lados
E tudo dentro de um só coração
Que bate dentro de mim.

Como me saio?

Não saio, não fico, não avanço
Parece que trupico, retrupico
E nunca amanço
A selvageria do meu coração
com a vontade esgarçada de amar...

Mas não se afaste por medo
Não vou te agarrar a força
E se quiser me amar
Não diga que me ama...


De:Efferson Mendes

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Sabor Sútil

Vou fazer uma canção bem delicada
De sabor bem sútil
Para falar da situação complicada
Que entre nós surgiu

Teu perfume ainda tá lá em casa
Dentro de mim não saiu
Lembro de ti na madrugada
E do que existiu

Vamos fingir que não aconteceu nada
Na amizade seguir
Se a vontade vir danada
É dizer não e fugir

Vou postar quando ultrapassada
Para você não deduzir
Que o que diz essas palavras
É o que sinto por ti

Se mudar de ideia eu tô na sala
Esperando você vir
Porque não é legal essa parada
De lutar contra o que se sente...

De: Efferson Mendes

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Olha A Hora!

Gosto do difícil
De provar do impossível
Dos jogos de amores improváveis
Das relações inviáveis

Amo os "nãos" que vêm
Com intonação de talvez
Sua cara de desinteressada
Quando quebra o clima com rigidez

Os desafios me atraem!
As surpresas me envolvem!
As dificuldades me prendem!
As incertezas, essas, me ganham!

Mas, por favor, tudo tem seu tempo!

A nossa história
Esses jogos, olhares, cheiro, sabor,
O momento de dizer sim
E a hora de acontecer.

Fui filho único até os oito
Criado por mãe, vó, tias...
E quando quero, eu quero!
Porém se me vens sempre com não...

Por mais que eu queira,
Como garoto educado vou obedecer!

De: Efferson Mendes

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Pessoas

De vários sabores e odores.
De tantas cores, formas e conteúdo!
De tantos quereres, sins, nãos, desculpas e fugas...
De sonhos, brilhos e temperos.

Que criam suas linhas de fuga,
Que buscam a erótica do olhar,
Do ouvir e do saborear...
Pessoas...

Seres que inventam,
Reinventam e transformam.
Seres que com simples palavras,
Fazem poesia.

Poesias que inventam,
Reinventam e transformam.
Poesias que com simples palavras,
Completam pessoas.

E completa aquele vazio
Que nada preenche.
Os dias que nenhum acontecimento melhora
E os espaços que no coração, sobram.

De: David Lima, Efferson Mendes e Francilene Soares

quarta-feira, 20 de março de 2013

Sen(ter)tido

Dos dias tristes
Das nuvens cinzas
Das dores alheias
Ficou o incômodo

É difícil responder as perguntas
Superar as dúvidas
Vencer as prisões que nos cerceiam
Não se deixar levar pelo vazio que nos consome

Às vezes quero as pessoas
Sempre por perto, comigo
Com problemas ou sem palavras
Comigo!

Sou Possessivo!

Mas mantê-las por perto
É afastar o perigo
De ser só... de estar comigo...
Da vida perder sentido.

De: Efferson Mendes

quinta-feira, 14 de março de 2013

Tratando Aquilo Que Sufoca

Vês as folhas secas sobre o telhado?

Assim fizeram ao Amor.
O viram cair do galho
E o largaram agonizando ao sol.
Por dias intermináveis
E noites solitárias.
O Amor secou e como folha seca
Tem perdido sua cor, força
E está rachando, partindo-se em pedaços.

Será que alguém juntará os restos?

Que esse alguém não o junte por compaixão.
Compaixão não combina com Amor.
Amar por compaixão não é amar com paixão.
É justo, quando acaba a paixão, o fogo do amor,
Que por compaixão se ama.
Daí as folhas secas abandonadas no telhado
Que tem guardadas em si uma beleza rústica
Daquilo que um dia foi o Amor.

Mas o que exigir de folhas com dias contados?
O que esperar de um Amor Seco que só se deteriora?

Deixa esse Amor permanecer como essa imagem
Simples e fulgaz, porém singela
De flores secas sobre telhado
Para que um dia se lembrem de forma feliz
Daquele Amor que ficou exposto ao tempo.
O Amor que um dia foi folha verde.

Nos últimos tempos aprisionamos o Amor
O estrangulamos até a gota final.
Sugamos até o que não existe.
O medo de estar só tem nos deixado reféns
E como quem está com uma arma na cabeça
Obrigamo-nos a ter alguém
Para conosco ficar,
Para supostamente nos amar até o fim.

Encurralamo-nos uns aos outros em jogos de Amor
Que mais parecem de ódio
E na primeira oportunidade esfaqueamos o Amor.
Só então gritamos por socorro.
Sentimentos de culpa?
Por toda hora.
Nós assassinamos o Amor todos os dias.

Privações, ameaças, chantagens, ciúmes
Traições, mensagens, histórias e estórias,
Relações descartáveis, crimes passionais....

Alguém enquanto esperava tratar a asma
Refletia a vida, observou folhas secas
No telhado do hospital
Chegou numa conclusão
Um tanto quanto brutal:

O Amor é o corpo de um indigente
Com vários golpes de facas,
Manchando o asfalto de uma rua qualquer
Com o seu mel vermelho e preguento,
Com um coração que já não bate mais.

Talvez seja isto que restou do Amor...
De: Efferson Mendes

terça-feira, 12 de março de 2013

Vontade (Poesia Colaborativa)

Vontade de Mar
Vontade de A Mar
Vontade de entrAmar adentro!
Vontade de adentrar o amar.
Há dentro a vontade de amar
Dentro da vontade há o mar.
O Mar de vontade dentro do Amar
Ao mar a vontade de amar.


De: Altemar Di Monteiro e Efferson Mendes

quinta-feira, 7 de março de 2013

Cuidado!

Eu não escondo meus dramas
Transparecem minhas verdades
Escorrem pela boca chamas
Meus versos flamejantes ardem

Eu não tenho grana
Nem pouso de bom covarde
Exponho a cara a tapa
Com minha identidade

Como um bom ator
Não guardo remorso
Enceno quem sou
Logo quando posso

Tem partes de mim
Que só conhece quem encara
Quando me vê enfim
Cuidado! Não uso Máscara.

De: Efferson Mendes

domingo, 3 de março de 2013

Feito (a)Pena(s)

Aos Cinemas, As Poesias
Aos Encontros de Amor
Sinto muito por não sentir nada
Com exceção do excesso de Solidão

Uma Paixão em Segredo
Velada pelo Silêncio de quem sente
E se nega contar a amante
Mas rasga nos ouvidos dos amigos

Acompanho a voz de Cazuza
Em sua canção
Como uma prece
Grito:

"Eu quero a sorte de um amor tranquilo
Com sabor de fruta mordida"

Lembro aos que amam
Que é fruta mordida
Não é apodrecida
E também que é amor
Mas não de qualquer sabor

Porém ninguém ouviu
O meu cantar, o meu penar
Nem mesmo elas
Nem mesmo eles

São Fernandas, Lilians, Rogês, Luanas
Natans, Renatas, Renans, Alefs, Targinos
Silvias, Marcios, Brunos, Thiagos, Cicis
Gabriels, Michelles, Dayanas, Kadus, Pedros
Júlias e constantemente Effs que sofrem e vivem de amor

A nós resta entender que
Tudo que disse essa Poesia,
A Vida e o Amor
Já é sabido e se resume num ciclo

Poetizado por Drummond
Musicadaptalizado por Buarque:

"Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo que amava Juca que amava Dora que amava 
Carlos amava Dora que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha"


De: Efferson Mendes

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Um Pouco Mais do Mesmo

Uso um All Star verde
Corto golas de camisa
(Elas me sufocam)
Uma cara relax
Que não posso trocar

Escrevo poesias
Filosofo sobre a vida
Interpreto sempre quando posso
E agora já é outro dia

Me exponho
Cheio de pudor
Me estrepo
Quase sempre sem intenção
(Muitas vezes sei a merda que vai dar)

Apaixonado pela a ideia
De fugir e sumir
Não sei por qual razão
As faço de inspiração

Tenho um novo amor todo dia
E ainda não me permito amar...

De: Efferson Mendes

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Desarmando-Me

Sou o protótipo
De um velho barrigudo
Ranzinza, solitário e careta
De barba longa
Cuspindo ironias

Sarcástico
De humor negro
Nada sútil
Odiável

Uma casa
De teto sentimental
Abaladíssimo
Colunas prestes a desabar

Sou o clichê
De um poeta depravado
Incompreendido
E ainda tem quem queira me amar

Pena
Muitas vezes eu não
Possa ser complacente

De: Efferson Mendes

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Improvável Amante(Ele Voltou a Compor)

E que de supetão
Invada meu domingo entediante
Deixando de lado solidão
Me fazendo ir além, adiante

Sem pedir sugestão
Me deixe delirante
De amor ou de paixão
Preencha a mim, inconstante

Quebra essa maldição
Do meu "eu" tolo errante
Diz-me que tradição
Nem sempre é bastante

Então, enova-me no coração
Leva-me avante
Serei sem dizer não
Teu improvável amante. 


De: Efferson Mendes