terça-feira, 22 de novembro de 2011

Esboço de mim

Sou um perigo para mim mesmo
Sou corpo frágil que se larga
Sou mente sã que ás vezes falha

Sussurros que escuto
O deitado ficar
Meus desejos absurdos
Loucura que quer chegar

A febre que se espalha
Sem sair da minha cabeça
Meu corpo por dentro brasa
Não deixe que eu esqueça

Só me deixe ser
Correr ou parar?
Aflição de querer
Onde vou chegar?

Se reparta em mim
Todas as vidas
O grão que grita
Vontade de ser fim...

De: Efferson Mendes

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

S.E.U. ( Sútil, Erótico e Único )

Diga que me entende
Me faça ser seu
Me ame, me bate
Me refaça no teu...
Corpo eu... Deixe!
Exploda o que implode
Em mim.
Faça-se céu
Me explore
Deixe escorrer no corpo
O nosso mel...

Nos teus poros adentrar
Faça-me seu
Quero em tuas veias pulsar
Toma-me. Possua-me.
Una-me a ti.
Seja feito um só corpo
O que outrora
N'outras estórias foi separado
Não sejamos clichê
Mas me faça
De gato e sapato.

Seja eu... Seu louco
Seu poeta e safado.

De: Efferson Mendes

sábado, 5 de novembro de 2011

15 de Outubro de 2011

     Teve a sensação de ser especial. Conseguiu reunir todos seus amigos. Inclusive a Praia, o Mar, o Céu, a Noite, as Estrelas e a Lua. Não era mago, nem bruxo. Admirava quem o era. Mas naquele momento utilizou todo seu íntimo de forma verdadeira e sua intuição (fruto de sua relação com o Mundo). Abriu mão do seu egocentrismo e dividiu a noite das suas duas décadas com todos ali.
     No início subestimou-os. Havia esquecido de que não era o único que possuía uma ligação com o Mundo. Achou que a capacidade de embriagar-se de pensamentos, loucuras e devaneios para sentir-se livre apenas lhe pertencia. Enganou-se ou no mínimo, se aquela capacidade era seu domínio particular, ele contaminou a todos com seus delírios de Humano Bolha de Sabão. Delírios de alguém que tem carência do Mundo. De fato as pessoas a quem o Humano Bolha de Sabão amava compartilharam e desfrutaram de seus delírios. Embriagaram-se dos seus devaneios. Foram livres. Tornaram-se protagonistas desta história. Ao lado destes seres ele descobriu a potência que a humanidade tem de surpreender nas vivências.
     Ele parou junto à noite. Contemplou as Estrelas, a Lua, o Céu e o Mar que lhe envolviam. Percebeu o toque humano que havia em meio aquela Natureza. Os grandes castelos erguidos. Torres querendo aproximar-se do Céu. Viu o quanto era, o quanto somos irrelevantes diante da imensidão do seu velho conhecido. Descobriu que era um pontinho imperceptível para seu velho conhecido e que este por sua vez era um pontinho imperceptível azul no meio do Infinito.
     Quis gritar para a humanidade:
     "Abram suas janelas, portas, saiam de suas casas, larguem seus trabalhos enquanto há vida na Terra. Enquanto a Terra é viva. Enquanto se vive na Terra. Enquanto existe amor e ela quer nos dar."
     Não se fez necessário dizer isso. Viu o inesperado. Seu desejo estava refletindo, proliferando-se, reproduzindo-se nas atitudes das pessoas que ali estavam.
     Acreditou que estava em contato com o Infinito, por que o Universo conspirava junto aos seus desejos. Havia sorriso, sensibilidade, toque, música, dança e incontáveis reações nos seus amigos. Sentiu-se o Todo, com todos.
     Você talvez estivesse dormindo na noite do dia 15 de outubro de 2011. Eles experimentavam, sentiam, eram com o Mundo. Ele, que também era eles, deixou seduzir-se pela dança da vida. Vida que trouxe a Chuva. Chuva que os banhou. Ele e eles despertaram e abriram espaço para a Natureza se recompor. Tomaram seus rumos, suas vidas. Não eram mais os mesmos. Eles compreendiam, agora, o Humano Bolha de Sabão. E o Humano Bolha de Sabão, com seus recém chegados vinte anos, do seu quintal, contemplou o nascer de um novo Sol.

De: Efferson Mendes

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Noite Dessas

     Entrei em casa. Solitário. Passei pela sala. Não queria ser notado. Nem precisei me esforçar. A televisão possuia um colorido maior que o meu. Cheguei no quarto. Larguei minha bolsa. Acendi a luz. Deitei em minha cama. Gosto do meu quarto. Gosto do desarrumado que ele tem. Embora ninguém compreenda que aquela aparente bagunça sou eu. Que aquele cheiro abafado de morfo, que as roupas sujas misturadas com as limpas, que minhas poesias, pápeis, anotações, livros, meias sujas e poeira são parte do meu corpo que se larga, mergulha na transversalidade dos diversos mundos, das diversas pessoas, da diversidade dos "eus" que me completam, me compreendem, me fazem complexo, me deixam perplexo e motivam-me usar o instinto como orientação. O meu quarto, o meu mundo, as minhas relações são o lado mais humano de mim.
     Naquela noite sentia falta do contato, da voz e do colorido que me trazem as pessoas. Deitado na cama, observando o teto do meu quarto. Me restou o clarão da luz fluorescente. Me restou não descreve bem. Diminui a importância que aquela luz fluorescente branca teve na transcendência que vivi naquele momento. Sim. Transcendi. Olhava para o teto, necessariamente para à luz e aos poucos me sentia menos meu. Menos dono de mim. Eu, cada vez mais parte desse Mundo. Fui sungado pela luz. Agora estava conectado com o Mundo. Havia um gosto bom na boca. Podia senti-lo em cada um dos poros do meu corpo. Desejei amar o Mundo. Amar com o Mundo. Amar todo o Mundo. E eu tenho certeza que naquele momento verdadeiramente amei. Não possuo ainda uma palavra que descreva. Talvez orgasmo. Orgasmos. Mas isso ainda é muito pouco.
     Quando dei por mim tinha amanhecido. Estava do outro lado da cama. estava bem. Estava muito bem. Sim, eu estava. Simplesmente estava.
      Eu. Eu fui mais eu. Numa noite dessas... Eu.

De: Efferson Mendes