terça-feira, 26 de junho de 2012

Sinta-me!

Do mais forte aço
Meus sentimentos foram revestidos
Decidi cessar o passo
Meus sonhos estão todos perdidos

Da dose diária de melancolia
Da refeição tédio do dia
Dos sussurros que me atormentam
Fiz minhas poesias

Do cotidiano fardo
Que me tira o sossego
Me fez amargo, estou farto
Quero colo e aconchego

E por favor!
Não me analise
Não use metódos
Para me entender (enquadrar)

Não me racionalize
Sinta-me!

De: Efferson Mendes

quarta-feira, 13 de junho de 2012

A pressa do...

Houve pressa
Apressamo-nos
Te pressionei
Aprisionamo-nos

Fiz da minha a tua
Pressa
Nosso amor em dor
(Im)Pressa

Apaixonado
Apressei
Aprisionando
Te afastei

Vamos nos encontrar
Em Bares, festas
Esquinas, peças
Há de remoer e chorar

Os viveres
As poesias
Os prazeres
Que já te dei...

De: Efferson Mendes

sexta-feira, 8 de junho de 2012

CORPOS

Não tem sentido
Talvez não deva ter
Nem certo, nem errado
Corpo: dor e prazer

Fome, sede
Frio, odor
Desejos, arrepios
Livres de pudor...

O corpo ama
Não se limita
Se entrega, dança
No ritmo da vida

Cansaço, sossego
Encontros, beijos
Contato, atropelo
Anseios, medos...

Meu corpo no seu
COR - POS
Seu corpo no meu
EN - CON - TRO
Meu corpo é meu!

A lógica ilógica
Dessa dialética
De nosso retrato
Destrói a regra
Porque corpo
Não tem pecado!

De: Efferson Mendes

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Luna e Sol

     O Sol nasce para todos, todos os dias, durante o ano todo. Por mais que você não veja ou ele se esconda atrás das nuvens.
     Era uma noite qualquer para nós. Luna se preparou como nunca. Sua intuição feminina havia dito que aquela noite na sua vida seria ímpar. Conseguia sentir a mudança. Por isso todo o preparo. Horas na frente do espelho. Maquiagem. Indecisão sobre o que vestir. Esperava consumir amor eterno. Acreditava em contos de fadas. Jantar a luz de vela. Amor até que à morte os separe.
     Depois de tanto abrir e fechar as portas do seu guarda-roupa, escolheu o seu favorito. O vestido branco. Presente que ganhou de sua mãe. Nunca antes usado. Mas era o seu favorito. Havia uma explicação. Aquele não era um vestido qualquer. Ele traduzia o seu estado de espírito naquela noite. Deixava transparecer o que apenas ela tinha acesso. Sua alma. Parece tosco acreditar nisso. Porém ansiava há muito aquela noite. Ia noivar. As alianças traduziriam o laço, o voto de amor eterno.
     Estava pronta para o amor.
     Era Luna. Era Lua Cheia. Com todo o nervosismo e preparo esqueceu da hora. O jantar devia ser às nove. O relógio já marcava dez horas. Olhou o celular. Nenhuma ligação e nenhuma mensagem. Será que ele esqueceu? Teria acontecido algo? Não dava para esperar. Depois da vigésima tentativa, passava da meia-noite, ele atendeu. E como quem joga sua sorte ao vento, ele jogou o amor.
     Com o coração igual a taça de cristal que lançou no chão. Recolheu com cuidado os pedaços. Já não queria sangrar à toa. Pegou o vinho do jantar. Desceu a escadaria como quem vai em um cortejo fúnebre. Foi para a avenida. Entrou num táxi. Sua intuição gritou praia. Ela exitou. A sua intuição havia falhado fazia pouco. No entanto não lhe vinha outra opção. Restou-lhe a praia.
     Abriu o vinho. Desceu do salto. Caminhou pela praia. O vinho em pouco tempo se misturou a sua alma. Caiu na areia. A face tomada por maquiagem borrada. Olhou para o céu e se perguntou se nunca encontraria o seu Sol. Passou a madrugada remoendo o seu amor perdido. Decidiu não mais amar. Errou.
     Era quatro e meia da manhã. O rapaz de tatuagem na nuca cansou das muitas histórias e agora queria apenas um único romance. Havia algo de diferente nele. Havia um Sol no seu corpo, marcado em sua pele... E o motivo de estar naquela praia às quatro e trinta era ver o encontro do cair da noite com raiar do dia. Ele queria o encontro do Sol com a Lua.
     Cinco da manhã e como que num conto de fadas, mito grego ou estória mágica qualquer Luna encontrou o seu Sol. E o Sol encontrou sua Luna.

De: Efferson Mendes