sexta-feira, 1 de junho de 2012

Luna e Sol

     O Sol nasce para todos, todos os dias, durante o ano todo. Por mais que você não veja ou ele se esconda atrás das nuvens.
     Era uma noite qualquer para nós. Luna se preparou como nunca. Sua intuição feminina havia dito que aquela noite na sua vida seria ímpar. Conseguia sentir a mudança. Por isso todo o preparo. Horas na frente do espelho. Maquiagem. Indecisão sobre o que vestir. Esperava consumir amor eterno. Acreditava em contos de fadas. Jantar a luz de vela. Amor até que à morte os separe.
     Depois de tanto abrir e fechar as portas do seu guarda-roupa, escolheu o seu favorito. O vestido branco. Presente que ganhou de sua mãe. Nunca antes usado. Mas era o seu favorito. Havia uma explicação. Aquele não era um vestido qualquer. Ele traduzia o seu estado de espírito naquela noite. Deixava transparecer o que apenas ela tinha acesso. Sua alma. Parece tosco acreditar nisso. Porém ansiava há muito aquela noite. Ia noivar. As alianças traduziriam o laço, o voto de amor eterno.
     Estava pronta para o amor.
     Era Luna. Era Lua Cheia. Com todo o nervosismo e preparo esqueceu da hora. O jantar devia ser às nove. O relógio já marcava dez horas. Olhou o celular. Nenhuma ligação e nenhuma mensagem. Será que ele esqueceu? Teria acontecido algo? Não dava para esperar. Depois da vigésima tentativa, passava da meia-noite, ele atendeu. E como quem joga sua sorte ao vento, ele jogou o amor.
     Com o coração igual a taça de cristal que lançou no chão. Recolheu com cuidado os pedaços. Já não queria sangrar à toa. Pegou o vinho do jantar. Desceu a escadaria como quem vai em um cortejo fúnebre. Foi para a avenida. Entrou num táxi. Sua intuição gritou praia. Ela exitou. A sua intuição havia falhado fazia pouco. No entanto não lhe vinha outra opção. Restou-lhe a praia.
     Abriu o vinho. Desceu do salto. Caminhou pela praia. O vinho em pouco tempo se misturou a sua alma. Caiu na areia. A face tomada por maquiagem borrada. Olhou para o céu e se perguntou se nunca encontraria o seu Sol. Passou a madrugada remoendo o seu amor perdido. Decidiu não mais amar. Errou.
     Era quatro e meia da manhã. O rapaz de tatuagem na nuca cansou das muitas histórias e agora queria apenas um único romance. Havia algo de diferente nele. Havia um Sol no seu corpo, marcado em sua pele... E o motivo de estar naquela praia às quatro e trinta era ver o encontro do cair da noite com raiar do dia. Ele queria o encontro do Sol com a Lua.
     Cinco da manhã e como que num conto de fadas, mito grego ou estória mágica qualquer Luna encontrou o seu Sol. E o Sol encontrou sua Luna.

De: Efferson Mendes

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