sábado, 5 de novembro de 2011

15 de Outubro de 2011

     Teve a sensação de ser especial. Conseguiu reunir todos seus amigos. Inclusive a Praia, o Mar, o Céu, a Noite, as Estrelas e a Lua. Não era mago, nem bruxo. Admirava quem o era. Mas naquele momento utilizou todo seu íntimo de forma verdadeira e sua intuição (fruto de sua relação com o Mundo). Abriu mão do seu egocentrismo e dividiu a noite das suas duas décadas com todos ali.
     No início subestimou-os. Havia esquecido de que não era o único que possuía uma ligação com o Mundo. Achou que a capacidade de embriagar-se de pensamentos, loucuras e devaneios para sentir-se livre apenas lhe pertencia. Enganou-se ou no mínimo, se aquela capacidade era seu domínio particular, ele contaminou a todos com seus delírios de Humano Bolha de Sabão. Delírios de alguém que tem carência do Mundo. De fato as pessoas a quem o Humano Bolha de Sabão amava compartilharam e desfrutaram de seus delírios. Embriagaram-se dos seus devaneios. Foram livres. Tornaram-se protagonistas desta história. Ao lado destes seres ele descobriu a potência que a humanidade tem de surpreender nas vivências.
     Ele parou junto à noite. Contemplou as Estrelas, a Lua, o Céu e o Mar que lhe envolviam. Percebeu o toque humano que havia em meio aquela Natureza. Os grandes castelos erguidos. Torres querendo aproximar-se do Céu. Viu o quanto era, o quanto somos irrelevantes diante da imensidão do seu velho conhecido. Descobriu que era um pontinho imperceptível para seu velho conhecido e que este por sua vez era um pontinho imperceptível azul no meio do Infinito.
     Quis gritar para a humanidade:
     "Abram suas janelas, portas, saiam de suas casas, larguem seus trabalhos enquanto há vida na Terra. Enquanto a Terra é viva. Enquanto se vive na Terra. Enquanto existe amor e ela quer nos dar."
     Não se fez necessário dizer isso. Viu o inesperado. Seu desejo estava refletindo, proliferando-se, reproduzindo-se nas atitudes das pessoas que ali estavam.
     Acreditou que estava em contato com o Infinito, por que o Universo conspirava junto aos seus desejos. Havia sorriso, sensibilidade, toque, música, dança e incontáveis reações nos seus amigos. Sentiu-se o Todo, com todos.
     Você talvez estivesse dormindo na noite do dia 15 de outubro de 2011. Eles experimentavam, sentiam, eram com o Mundo. Ele, que também era eles, deixou seduzir-se pela dança da vida. Vida que trouxe a Chuva. Chuva que os banhou. Ele e eles despertaram e abriram espaço para a Natureza se recompor. Tomaram seus rumos, suas vidas. Não eram mais os mesmos. Eles compreendiam, agora, o Humano Bolha de Sabão. E o Humano Bolha de Sabão, com seus recém chegados vinte anos, do seu quintal, contemplou o nascer de um novo Sol.

De: Efferson Mendes

Um comentário:

  1. *------*
    Nem sei o que falar. Fazer parte da sua vida, mudou muita coisa da minha.
    Obrigada.

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