quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Noite Dessas

     Entrei em casa. Solitário. Passei pela sala. Não queria ser notado. Nem precisei me esforçar. A televisão possuia um colorido maior que o meu. Cheguei no quarto. Larguei minha bolsa. Acendi a luz. Deitei em minha cama. Gosto do meu quarto. Gosto do desarrumado que ele tem. Embora ninguém compreenda que aquela aparente bagunça sou eu. Que aquele cheiro abafado de morfo, que as roupas sujas misturadas com as limpas, que minhas poesias, pápeis, anotações, livros, meias sujas e poeira são parte do meu corpo que se larga, mergulha na transversalidade dos diversos mundos, das diversas pessoas, da diversidade dos "eus" que me completam, me compreendem, me fazem complexo, me deixam perplexo e motivam-me usar o instinto como orientação. O meu quarto, o meu mundo, as minhas relações são o lado mais humano de mim.
     Naquela noite sentia falta do contato, da voz e do colorido que me trazem as pessoas. Deitado na cama, observando o teto do meu quarto. Me restou o clarão da luz fluorescente. Me restou não descreve bem. Diminui a importância que aquela luz fluorescente branca teve na transcendência que vivi naquele momento. Sim. Transcendi. Olhava para o teto, necessariamente para à luz e aos poucos me sentia menos meu. Menos dono de mim. Eu, cada vez mais parte desse Mundo. Fui sungado pela luz. Agora estava conectado com o Mundo. Havia um gosto bom na boca. Podia senti-lo em cada um dos poros do meu corpo. Desejei amar o Mundo. Amar com o Mundo. Amar todo o Mundo. E eu tenho certeza que naquele momento verdadeiramente amei. Não possuo ainda uma palavra que descreva. Talvez orgasmo. Orgasmos. Mas isso ainda é muito pouco.
     Quando dei por mim tinha amanhecido. Estava do outro lado da cama. estava bem. Estava muito bem. Sim, eu estava. Simplesmente estava.
      Eu. Eu fui mais eu. Numa noite dessas... Eu.

De: Efferson Mendes

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