quinta-feira, 14 de março de 2013

Tratando Aquilo Que Sufoca

Vês as folhas secas sobre o telhado?

Assim fizeram ao Amor.
O viram cair do galho
E o largaram agonizando ao sol.
Por dias intermináveis
E noites solitárias.
O Amor secou e como folha seca
Tem perdido sua cor, força
E está rachando, partindo-se em pedaços.

Será que alguém juntará os restos?

Que esse alguém não o junte por compaixão.
Compaixão não combina com Amor.
Amar por compaixão não é amar com paixão.
É justo, quando acaba a paixão, o fogo do amor,
Que por compaixão se ama.
Daí as folhas secas abandonadas no telhado
Que tem guardadas em si uma beleza rústica
Daquilo que um dia foi o Amor.

Mas o que exigir de folhas com dias contados?
O que esperar de um Amor Seco que só se deteriora?

Deixa esse Amor permanecer como essa imagem
Simples e fulgaz, porém singela
De flores secas sobre telhado
Para que um dia se lembrem de forma feliz
Daquele Amor que ficou exposto ao tempo.
O Amor que um dia foi folha verde.

Nos últimos tempos aprisionamos o Amor
O estrangulamos até a gota final.
Sugamos até o que não existe.
O medo de estar só tem nos deixado reféns
E como quem está com uma arma na cabeça
Obrigamo-nos a ter alguém
Para conosco ficar,
Para supostamente nos amar até o fim.

Encurralamo-nos uns aos outros em jogos de Amor
Que mais parecem de ódio
E na primeira oportunidade esfaqueamos o Amor.
Só então gritamos por socorro.
Sentimentos de culpa?
Por toda hora.
Nós assassinamos o Amor todos os dias.

Privações, ameaças, chantagens, ciúmes
Traições, mensagens, histórias e estórias,
Relações descartáveis, crimes passionais....

Alguém enquanto esperava tratar a asma
Refletia a vida, observou folhas secas
No telhado do hospital
Chegou numa conclusão
Um tanto quanto brutal:

O Amor é o corpo de um indigente
Com vários golpes de facas,
Manchando o asfalto de uma rua qualquer
Com o seu mel vermelho e preguento,
Com um coração que já não bate mais.

Talvez seja isto que restou do Amor...
De: Efferson Mendes

Um comentário:

  1. O amor - quando definimos por nós mesmos, principalmente, quando nos decepcionamos, então ele parece não ter mais valor. Porém,ao olharmos ao nosso redor percebemos quão grande amor tem por nós o Criador. Pena, que a Ele não damos valor - porque Deus é amor.

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